terça-feira, 9 de junho de 2009

Abertura dos Primeiros caminhos

Nas primeiras décadas do século XVII, no ano de 1728 por aqui andou Francisco de Souza Faria, que abriu a primeira picada ligando o litoral ao planalto. Essa picada se denominou-se estrada dos conventos ou de Araranguá.
Em 1725, o capitão general e governador de São Paulo Antonio da Silva Caldeira Pimentel incumbiu o sargento-mor Francisco de Souza Faria de abrir um caminho para o sul.
O trabalho foi iniciado em 11 de novembro de 1728 por Faria, com cerca de noventa homens nas margens do Rio Araranguá, no lugar chamado “Conventos”. Daí em diante denominaria a estrada, e acompanhando o curso daquele Rio alcançaria o Planalto Catarinense.
Por volta de 1636, o bandeirante Raposo Tavares teria feito esta mesma rota quando vindo do Rio Grande do Sul rumo a São Paulo, abandonando a rota mais usada na época que atravessava o oeste catarinense. Sabe-se também que por volta de 1745, o território serrano inclusive São Joaquim, foi visitado pelos padres espanhóis da Companhia de Jesus.
O traçado da estrada dos Conventos feito por Faria, longo e extravagante, foi posteriormente modificado pelos tropeiros, que em marcha com seus rebanhos atravessavam o planalto serrano, vindos do Rio Grande do Sul com destino a São Paulo.
Resultado destas longas tropeadas foi a formação de pequenos povoados os quais sediavam os pousos das tropas, ou para capturar alguma ponta de gado que se desgarrava do rebanho.
O pouso, o arroz carreteiro e o pasto, que os donos dos ranchos cobravam, não deveria ser dos mais baratos. Tanto assim, que muitos tropeiros preferiam forçar a marcha tocando as tropas. No entanto, quando os rancheiros descobriam tal intenção, tratavam de roubar o cincerro da mula madrinha, sem o guizo como guia, a tropa se dispersava pelos matos, obrigando os peões a uma parada forçada.
Historicamente o tropeirismo, produto do novo ciclo pastoril, constituiu a origem histórica e o fundamento econômico, social e cultural da civilização campeira da região serrana.
Todavia pode-se afirmar que foram os gaúchos os primeiros habitantes nas terras joaquinenses. Tal afirmação baseia-se nos registros históricos de Walter Dachs e padre João Batista Viecelli, antigo vigário da paróquia de São Joaquim, onde afirmam: “Pelo ano de 1755 a 1765, chegou a fazenda do Pelotas, vindo de Santo Antonio da Patrulha/RS, o senhor Manoel da Silva Ribeiro com seus dois filhos menores, Inácio e Pedro da Silva Ribeiro. Manoel tinha obtido por requerimento a célebre sesmaria do Pelotas, cujos limites são os seguintes: começando na barra do Rio Pelotas, com o Rio das Contas, subia por este último até a barra do Rio Tijucas, seguindo até sua cabeceira, passando a divisa perto da casa da família Manoel Cândido, e daí até a serra, perto da nova Capelinha de Santo Antonio, segue a serra até encontrar a cabeceira do Rio Cachoeirinhas e deste ponto em linha reta até encontrar a barra do Rio Negreiro com o Porteira, sobe pelo Negreiro até a barra de um riacho que nasce na tapera do Padre José Carlos, seguindo o divisor das águas até a nascente do Mantiqueira e, deste Rio abaixo até o Pelotas e daí ao ponto de partida” .
Traçado os limites comenta-se sobre sua extensão: “Uma bagatela com mais de 450 milhões de campos”.
Além desta fazenda, existiam outras que foram instaladas entre os séculos XVIII e XIX, como a fazenda do Socorro, Bom Sucesso e Águas Buenas.
Desta forma, a ocupação territorial do Planalto, em conseqüência do regime sesmeiro favoreceu o monopólio em mãos de um pequeno grupo privilegiado, delegando condições para o surgimento de uma força de trabalho explorada nas lides da criação de gado.
Em registros escritos sobre a fundação do município de São Joaquim encontram-se datados em 1868 ou 1869. Por esta época Lages já era uma localidade regularmente desenvolvida e o seu território abrangia as terras vizinhas incluindo as áreas que hoje formam os municípios de São Joaquim, Bom Jardim da Serra e Urupema.
A comissão fundadora compunha-se por: Manoel Joaquim Pinto, Cel. João da Silva Ribeiro, Capitão Marcos Batista de Souza, Joaquim das Palmas da Silva Matos, Antonio Gonçalves Padilha, Joaquim José de Souza Bento Cavalheiro do Amaral, Joaquim Cavalheiro do Amaral, Manoel Saturnino de Souza e Ezírio Bento Rodrigues Nunes.
Consta que os primeiros povoadores, além de suas famílias, traziam escravos e todos os aprestos indispensáveis para se estabelecerem e se defenderem dos ataques indígenas e animais selvagens.
Considerado o fundador de São Joaquim, Manoel Joaquim Pinto, nasceu em Piracicaba, estado de São Paulo, vindo muito jovem para a região sul do país, onde na cidade de Rio Grande/RS, empregou-se no estabelecimento Saladeiril (indústria do charque), de Boaventura Barcelos, na localidade de Charqueada. Um ano depois, desembarcou na antiga Desterro, tornando-se caixeiro viajante, no comércio de José Pereira da Cunha Medeiros e mais tarde, casou-se com Maria Joaquina, filha de seu patrão. O sogro em parceria com seu irmão Antonio Pereira da Cunha e Cruz, possuía as fazendas do Cedro e do Paraíso, situadas no território que hoje forma São Joaquim, motivo que logo depois, coube a Manoel Joaquim Pinto, a capatazia da fazenda do cedro, cuja casa ele mesmo construiu. Com ele vieram três cunhados, troncos do grande clã dos Pereira de São Joaquim e Lages.
Os estancieiros da Costa da Serra do Mar percorriam considerável distância a vila de Lages, na ocasião dos festejos e de pagamento de impostos, ou em época de eleições, deixando muitas vezes, as famílias expostas aos ataques indígenas. Então Manoel foi ao encontro das aspirações dos habitantes do Distrito da Costa da Serra, instalando a Freguesia de São Joaquim do Cruzeiro da Costa da Serra, no rodeio da fazenda que pertencia a Joaquim e Antonio Cavalheiro do Amaral, seus colaboradores no empreendimento. Depois de verificar que na Chapada Bonita, por falta d’água não era possível instalar o vilarejo e que as margens do Rio Antonina, em virtude das geadas não servia para o fim que se propunha.
Construiu-se então a primeira casa, que foi onde nasceu o doutor Joaquim Pinto de Arruda, bisneto de Manoel Joaquim Pinto e primeiro joaquinense a formar-se em medicina.
Manoel Joaquim Pinto, após fundar a freguesia, decidiu abrir a primeira trilha ligando-a ao litoral, pois os habitantes da Costa da Serra tinham que contornar os paredões da Serra do Mar, aproximando-se desnecessariamente de Lages, em busca dos mantimentos, tais como: sal, açúcar, farinha, arroz, etc.

Para abertura desta estrada, ele se fez acompanhar de sua mulher, que cozinhava para a turma de trabalhadores, escravos e camaradas.
Em seguida, abriu um atalho pela Serra da Farofa, que se encontrou na antiga estrada Lages - São José , no Rio Canoas, ligando o atual município de São Joaquim àquela estrada.
Manoel Joaquim Pinto faleceu em 27 de julho de 1879 em sua fazenda no Cedro, sendo que sua mulher faleceu três dias depois.
Pela documentação em poder de seus descendentes, Manoel Joaquim Pinto era parente de bandeirantes paulistas famosos, entre outros Borba Gato

O primeiro passo para a fundação de São Joaquim foi a criação aos 28 de janeiro de 1868, de um Distrito Policial no lugar denominado Costa da Serra. A lei n.º 645 desmembra o Distrito da Costa da Serra da Freguesia de Lages, conforme seu artigo 1º que diz: “ O distrito da Costa da Serra, fica desmembrado da Freguesia de Lages, para formar a Freguesia com a denominação de São Joaquim da Costa da Serra, a qual é criada precedendo licença do ordinário, na forma da constituição do bispado”. No artigo 3º o Presidente da Província ficava responsável em demarcar os limites da nova Freguesia depois de obter as devidas informações.
A lei n.º 1.108 de 28 de agosto de 1886 eleva São Joaquim a categoria de vila, mas mantendo o mesmo nome, nos termos do artigo 1º. “A Freguesia de São Joaquim da Costa da Serra, criada pela lei n.º 645 de 1871, fica elevada a categoria de Vila sob a mesma denominação, formando um município desmembrado de Lages.
A mesma lei manteve São Joaquim subordinado à Comarca de Lages (art. 2) criou um tabelionato e uma escrivania (art. 4) e afirmou que: “Os limites do referido município serão os mesmos que tinha como freguesia, entre Lages e o Rio Pelotas no extremo sul desta província”. (art. 3).
A incumbência de construção da Câmara Municipal ficou a cargo do moradores (art. 5).
A instalação só ocorreu em 7 de maio de 1887, sendo São Joaquim o último município catarinense criado no século passado no tempo do império brasileiro.
Aos 16 dias de janeiro de 1887, realizaram-se as primeiras eleições para a Câmara Municipal. Os candidatos mais votados foram: Antonio José Alves de Sá (11 votos); Mateus Ribeiro de Souza (10 votos); Marcos Batista de Souza (10 votos); Aureliano de Souza Oliveira (10 votos); Policarpo José Rodrigues (10 votos); João de Deus Pinto de Arruda (10 votos); José Rodrigues de Souza (10 votos); José Antonio Corrêa (2 votos); Galdino Pereira da Cunha e Cruz (1 voto). Apenas os sete mais votados é que tomaram posse. Vê-se que muitos desses nomes estão ligados à família de Manoel Joaquim Pinto.
Quem teve a honra de comandar os destinos de São Joaquim como autoridade máxima, foi o primeiro alcaide (prefeito) o vereador mais votado, senhor Tenente Antonio José Alves de Sá.

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