segunda-feira, 3 de maio de 2010

Tipos Humanos e colonização

PRIMEIROS HABITANTES

Os primeiros habitantes do Planalto Catarinense, apesar de não se encontrar registros escritos, segundo Licurgo Costa, eram os índios Xoklengs, que nesta região eram denominados bugres. Estes estabeleciam amizade com outro grupo também Tapuia, os Kaigangs, que viviam numa área de 100.000 km2, abrangendo o litoral de Paranaguá a Porto Alegre, e dali fazendo um arco rumo aos campos de Vacaria, atravessando o Rio Pelotas continuando pelos campos de Lages. Os Xoklengs viviam da caça, do pinhão sem propensão nenhuma para a agricultura como todas as tribos nômades.


OS COLONIZADORES


PORTUGUESES - Chegaram por volta de 1750 à 1879, com eles trouxeram seus costumes e suas origens.

ITALIANOS - Na Segunda metade do século XIX, o italiano Domingos Martorano, originário da província de Potenza, estabeleceu-se em São Joaquim. Quando aqui chegou em 1884, a cidade era apenas um povoado, tratou logo de construir sua casa, adquirir terras e explorar a atividade comercial. Para a construção de sua casa, toda de pedra basáltica, contratou a família Fontanella, exímios construtores radicados em Urussanga/SC. Os Fontanellas por aqui se estabeleceram e foram os responsáveis pela construção da primeira igreja e cadeia pública. Já no século XX, outras famílias italianas vieram para São Joaquim. Em 1991, foi criada a Associação veneta de São Joaquim, a qual tem por objetivo o cultivo da tradição e dos costumes italianos.

ALEMÃES- O primeiro alemão que aqui chegou foi o Sr. Paulo Bathke, em 1891, exercendo a profissão de agrimensor. Entre 1896 e 1901, a serviço do governo brasileiro, viajou para a Alemanha prestando inúmeros serviços ao Brasil, no Departamento de Imigração Alemão. Trouxe diversas famílias para o Brasil, inclusive para São Joaquim. As primeiras famílias imigrantes tiveram que enfrentar muitas dificuldades, principalmente durante o período da primeira guerra mundial, quando sofreram perseguições e humilhações. Quanto à cultura tiveram que se adaptar aos costumes brasileiros. No ano de 1990, foi fundado o Centro de Tradições Alemãs Scheeberg, que procura resgatar a cultura germânica.

JAPONESES - Instalaram-se em São Joaquim por volta de 1974, a partir do projeto de assentamento de produtores de maçãs da Cooperativa Agrícola de Cotia (atual Sanjo). A colônia mantêm uma associação cultural e esportiva de São Joaquim, objetivando o cultivo da cultura japonesa.

AFRICANOS - Os negros estão presentes em São Joaquim desde a sua colonização pelos bandeirantes paulistas. Aqui chegaram na condição de escravos, contudo, pouco a pouco foram se integrando à sociedade. Chegaram a São Joaquim por volta de 1750 à 1879 junto com os senhores que vieram na época.







A história do povoamento do Planalto apresenta traços específicos e singulares tornando-a distinta do litoral.
No litoral catarinense ainda no século XVII, ocorreram os principais núcleos de povoamento, como São Francisco (1658), Desterro (1673) e Laguna (1767).
A partir de 1748 intensificou-se o povoamento do litoral com a chegada dos açorianos, vindos das ilhas portuguesas do Atlântico.
Estas povoações que hora se formavam, não possuíam nenhuma comunicação, enfrentavam muitos problemas com as invasões estrangeiras no litoral e o ataque de índios no interior.
No plano das relações sócio-produtivas o regime da população litorânea baseado na pequena propriedade, predominou inteiramente, até 1950, quando ocorreu nova migração estrangeira, que começou a modificar os padrões de interesse e conhecimentos.
Contudo, as levas de imigrantes estrangeiros foram distribuídas de forma desigual. As maiores concentrações foram na região do Vale do Itajai e nordeste do Estado, não atingindo portanto, a região do Planalto Serrano, isolados pelas barreiras naturais e pelas forças políticas da Província.
Assim, isolado do contexto nacional e estadual, o Planalto Serrano entraria para a historiografia regional como território de passagem, sujeito à ação colonizadora de outros tipos humanos, distintos na maneira de ser, de viver e de agir dos elementos luso-açorianos.
Somente em 1771, foi fundada a primeira vila serrana com o nome de Nossa Senhora dos Prazeres das Lagens pelo paulista Antonio Correia Pinto, homem abastado e senhor de escravos.
A partir daí o Planalto serrano emergiu da pré-história para entrar na história. Faz-se necessário registrar que o território do Planalto permaneceu indistinto como expressão política até mesmo geográfica antes da fundação de Lages, no entanto, já havia se transformado em campos de gado, terras de índios e asilo para marginais foragidos da justiça.
Sobre a data em que se fixaram os primeiros povoadores nas terras que formam hoje o município de São Joaquim, não encontramos nenhum documento escrito.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Trilha de Boiadeiros

TRILHAS DE BOIADEIROS

Entre os campos de cima da serra e a parte baixa do sul do Estado de Santa Catarina, existem ainda algumas trilhas que eram utilizadas por boiadeiros até a primeira metade desse século. Localizadas a beira de precipícios, elas eram o único meio de comunicação entre as duas regiões, e seu percurso bastante difícil, sendo por isso feito normalmente com mulas. Segundo relatos dos antigos, em algumas dessas trilhas haviam trechos em que os muares eram obrigados a saltar entre pedras sobre os precipícios, e eram comuns os casos em que os animais escorregavam e caiam nos mesmos, onde eram abandonados aos animais carnívoros. Para que não ocorresse ainda outros prejuízos, nesses locais perigosos as mulas eram descarregadas e os boiadeiros transportavam eles próprios as mercadorias.
Como nas trilhas não havia locais para pouso, a viagem nas mesmas tinha de ser feita durante a luz do dia, e um problema sério eram as “virações”, quando a neblina envolvia os viajantes que então, “perdiam o caminho”.
Os usuários dessas trilhas as utilizavam para transportar charque e queijo até o litoral do estado e, quando era possível, arriscavam transportar gado bovino ou suíno para comercializar. De lá trazia-se alguns gêneros difíceis ou inexistentes na serra, tais como: arroz, farinha de mandioca, cachaça, roupas, tecidos, etc.
Com a abertura de estradas e novos meios de comunicação, essas trilhas caíram em desuso, foram esquecidas e poucos conhecem sua localização.


LOCAIS DE REPOUSO ORIGINARAM CIDADES


Ao longo do caminho das tropas, onde pernoitava o tropeiro, foram surgindo naturalmente pequenos núcleos urbanos. Contam-se hoje dezenas de lugarejos que tiveram a sua origem ligada aos percursos do gado. O caminho das tropas era repleto de variantes e desvios, sendo complexo estabelecer com exatidão o seu traçado.
As cidades catarinenses que derivaram dessa atividade são: Lages, São Joaquim, Curitibanos e Campos Novos.
Ao longo da belíssima paisagem do planalto, entre campos e pinheiros, ainda são numerosos os vestígios do tropeirismo. Iniciando por Lages, o mais antigo e importante dos núcleos urbanos do caminho das tropas, podemos observar as tradicionais “taipas” , muros de pedra por se conduziram ou onde paravam as manadas em descanso. Mesclados à harmonia do cenário esses muros quase fazem parte da natureza de tão adaptados que estão a ela. Podem ser encontrados em vários locais do planalto.

A pecuária continua movida pelos mesmos métodos de criação do tempo dos paulistas do século XVIII. Falta, em primeiro plano, purificar as raças através de reprodutores de melhor qualidade. O leite e a carne, produzidos no Planalto, não encontram estradas para chegarem ao litoral. E o sal, alimento para o gado, chega às estâncias com o preço pelas nuvens.
Vinte anos depois da fundação de Orleans, em 26 de maio de 1903, o governador Vidal Ramos, partindo de Minas (Lauro Muller) sobe a Serra do Rio do Rastro e planta uma ponte entre o Litoral Sul e o Planalto.
A alegria do governador explode de satisfação coletiva. A distância entre a última estação da estrada de ferro e São Joaquim ficou reduzida a quatro horas de lombo de mulas
A estrada custou 658,7 contos. Uma fortuna, mais de 45% da receita do Estado que, em 1903, alcançou 1.453,5 contos.
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COMÉRCIO SOBE E DESCE


Com a abertura da Estrada do Rio do Rastro Orleans transforma-se de colônia de italianos, em pousada de tropas e tropeiros.
Quando desce para Tubarão e Laguna, é passagem do charque,a carne de sol, do queijo, quando sobe é caminho para a cachaça, a farinha de mandioca, o sal, etc.
Nas tropas de mulas havia a madrinha que ia a frente com a mula “madrinheira”, a campanhia amarrada no pescoço para marcar a estrada que a tropa iria descer.