terça-feira, 6 de abril de 2010

Trilha de Boiadeiros

TRILHAS DE BOIADEIROS

Entre os campos de cima da serra e a parte baixa do sul do Estado de Santa Catarina, existem ainda algumas trilhas que eram utilizadas por boiadeiros até a primeira metade desse século. Localizadas a beira de precipícios, elas eram o único meio de comunicação entre as duas regiões, e seu percurso bastante difícil, sendo por isso feito normalmente com mulas. Segundo relatos dos antigos, em algumas dessas trilhas haviam trechos em que os muares eram obrigados a saltar entre pedras sobre os precipícios, e eram comuns os casos em que os animais escorregavam e caiam nos mesmos, onde eram abandonados aos animais carnívoros. Para que não ocorresse ainda outros prejuízos, nesses locais perigosos as mulas eram descarregadas e os boiadeiros transportavam eles próprios as mercadorias.
Como nas trilhas não havia locais para pouso, a viagem nas mesmas tinha de ser feita durante a luz do dia, e um problema sério eram as “virações”, quando a neblina envolvia os viajantes que então, “perdiam o caminho”.
Os usuários dessas trilhas as utilizavam para transportar charque e queijo até o litoral do estado e, quando era possível, arriscavam transportar gado bovino ou suíno para comercializar. De lá trazia-se alguns gêneros difíceis ou inexistentes na serra, tais como: arroz, farinha de mandioca, cachaça, roupas, tecidos, etc.
Com a abertura de estradas e novos meios de comunicação, essas trilhas caíram em desuso, foram esquecidas e poucos conhecem sua localização.


LOCAIS DE REPOUSO ORIGINARAM CIDADES


Ao longo do caminho das tropas, onde pernoitava o tropeiro, foram surgindo naturalmente pequenos núcleos urbanos. Contam-se hoje dezenas de lugarejos que tiveram a sua origem ligada aos percursos do gado. O caminho das tropas era repleto de variantes e desvios, sendo complexo estabelecer com exatidão o seu traçado.
As cidades catarinenses que derivaram dessa atividade são: Lages, São Joaquim, Curitibanos e Campos Novos.
Ao longo da belíssima paisagem do planalto, entre campos e pinheiros, ainda são numerosos os vestígios do tropeirismo. Iniciando por Lages, o mais antigo e importante dos núcleos urbanos do caminho das tropas, podemos observar as tradicionais “taipas” , muros de pedra por se conduziram ou onde paravam as manadas em descanso. Mesclados à harmonia do cenário esses muros quase fazem parte da natureza de tão adaptados que estão a ela. Podem ser encontrados em vários locais do planalto.

A pecuária continua movida pelos mesmos métodos de criação do tempo dos paulistas do século XVIII. Falta, em primeiro plano, purificar as raças através de reprodutores de melhor qualidade. O leite e a carne, produzidos no Planalto, não encontram estradas para chegarem ao litoral. E o sal, alimento para o gado, chega às estâncias com o preço pelas nuvens.
Vinte anos depois da fundação de Orleans, em 26 de maio de 1903, o governador Vidal Ramos, partindo de Minas (Lauro Muller) sobe a Serra do Rio do Rastro e planta uma ponte entre o Litoral Sul e o Planalto.
A alegria do governador explode de satisfação coletiva. A distância entre a última estação da estrada de ferro e São Joaquim ficou reduzida a quatro horas de lombo de mulas
A estrada custou 658,7 contos. Uma fortuna, mais de 45% da receita do Estado que, em 1903, alcançou 1.453,5 contos.
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COMÉRCIO SOBE E DESCE


Com a abertura da Estrada do Rio do Rastro Orleans transforma-se de colônia de italianos, em pousada de tropas e tropeiros.
Quando desce para Tubarão e Laguna, é passagem do charque,a carne de sol, do queijo, quando sobe é caminho para a cachaça, a farinha de mandioca, o sal, etc.
Nas tropas de mulas havia a madrinha que ia a frente com a mula “madrinheira”, a campanhia amarrada no pescoço para marcar a estrada que a tropa iria descer.